A tensão na Ásia, que já não era pequena, ganhou mais um elemento para se tornar ainda maior. Neste domingo (3) a Coreia do Norte, governada pelo ditador Kim Jong-Un, detonou uma bomba de hidrogênio, considerada entre as bombas atômicas a que tem maior poder de destruição. De custo alto e desenvolvimento complexo, o artefato está na mão de poucos países, apenas Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China possuem armas como essa.

Especialistas estimaram que a explosão tenha chegado aos 100 kiloton — ou seja, cinco vezes mais potente do que a bomba nuclear lançada contra a cidade japonesa de Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial, que instantaneamente matou 70 mil pessoas —, além de ter provocado um terremoto de magnitude 6,3.

Contra-ataque

Nesta segunda-feira (4), a Coreia do Sul alertou que a Coreia do Norte prepara o lançamento de um novo míssil, que poderia ter capacidade de chegar a outros continentes. Em forte demonstração de força, o governo sul-coreano simulou um ataque à base nuclear da nação vizinha com exercícios do Exército e das Forças Aéreas.

O que difere a bomba testada neste domingo das anteriores?

A estimativa é de que a explosão desta última bomba testada tenha uma potência de 100 quilotons, o dobro do que pode proporcionar bombas atômicas “comuns”. Os artefatos usadas em Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), eram de urânio e plutônio, respectivamente, e foram lançadas por aviões. A antiga União Soviética foi a responsável, em 1961 (em plena Crise dos Mísseis), por detonar a bomba de hidrogênio mais potente já testada, com uma destruição que atingiu estimados 50 mil kilotons, ou 50 megatons.

A maior dificuldade em se desenvolver bombas de hidrogênio é adaptar seu tamanho de maneira que possam ser carregadas por aviões ou adaptadas a mísseis. Mas, segundo o regime norte-coreano, a bomba testada neste domingo pode ser instalada em um míssil intercontinental. A informação foi anunciada pela rede estatal norte-coreana KCTV RI.

Caso a informação seja confirmada, isso aumenta as capacidades militares do país. Até hoje, nenhuma bomba de hidrogênio foi usada contra nações do mundo.

Até 2009, a Coreia do Norte havia testado bombas com mais de 3 metros de comprimento e 4 toneladas. O teste realizado neste fim de semana acontece menos de uma semana após Kim lançar um míssil que atravessou o território japonês. Ao todo, o líder norte-coreano já autorizou o lançamento de mais de uma dezena de mísseis balísticos desde o começo do ano, dando um ritmo mais frenético a sua corrida armamentista.

Como funciona a bomba de hidrogênio?

As bombas atômicas “comuns” funcionam a partir da fissão (quebra) de átomos de urânio ou plutônio em elementos mais leves numa reação em cadeia. Já as bombas de hidrogênio, ou bombas H, obtêm grande parte de sua capacidade destrutiva da fusão de ligas de lítio com deutério e trítio, isótopos mais pesados do hidrogênio, para produzir hélio, num processo similar ao que acontece em estrelas como o Sol.

Assim, para detonar uma bomba de hidrogênio, é preciso recriar as condições extremas de temperatura e pressão encontradas no interior de estrelas. E, para isso, se usam justamente bombas atômicas convencionais, num processo em dois estágios, em que sua explosão serve como “gatilho” para a fusão dos isótopos de hidrogênio, o que faz com que também sejam chamadas de armas termonucleares.

Matéria Retirada na Íntegra do Portal Gazeta On Line.