O Centro Histórico de Itapina, distrito a 35 km do centro de Colatina convive com a inusitada estrutura de concreto de uma ponte inacabada sobre o Rio Doce que liga nada a lugar nenhum.

O pedreiro José Henrique Favoretti, 48 anos lembra que a cidade perdeu a importância econômica depois que a construção da ponte foi abandonada na década de 50 e a BR-259 desviada ‘para atender interesses contrários aos itapinenses’.

“Muita gente fez casa com material e ferragem da ponte. Só restou o esqueleto que dá em nada. Itapina foi rica e poderosa pelo café, a maioria foi embora e os jovens não ficam por falta de oportunidades.”, disse o pedreiro Henrique. Segundo ele a única movimentação é uma vez por ano no Festival Nacional de Viola – Fenaviola quando a cidade renasce. O tombamento dos belos casarios no estilo colonial e art noveau foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) em 2011 e aguarda regulamentação.

Itapina vive da pesca

A pesca no Rio Doce é uma das poucas atividades econômicas que ainda garante o sustento de algumas pessoas em Itapina, com cerca de mil habitantes. A aposentada Ida Matilda Carneiro, 84 anos relembra com saudade os áureos tempos que a cidade contava com cinema, casa de saúde, posto de gasolina, loja de carros, armazéns abarrotados de sacas de café e uma movimentada vida social. “Acabou tudo do dia para noite quando a rodovia foi para o outro lado do Rio Doce.

O escultor Éder Simões Assunção, 48 anos deixou a vida agitada de Governador Valadares (MG) há cinco anos e veio morar em Itapina, ‘em busca de paz’. Como viver de arte não garante o sustento, a sobrevivência veio das águas do Rio Doce. “Itapina não tem renda própria. Viver da pesca é uma das poucas opções”, disse Eder que ao exibir um enorme dourado fisgado no anzol.

Saiba Mais

O Rio Doce nasce na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais. Tem 853 km de extensão cuja bacia hidrográfica conta com 228 cidades. 202 em Minas e 26 no Espírito Santo onde vivem 3,5 milhões de pessoas. As principais cidades são Governador Valadares (MG), Colatina e Linhares (ES)

Fonte: Nilo Tardin