Uma raça de supergalo exclusivamente brasileira atrai cada vez mais investidores. Trata-se do galo Índio Gigante, que pode passar de um metro de comprimento e, nos últimos tempos, virou meme nas redes sociais.

A curiosidade dos internautas, aliás, tem alimentado o surgimento de diversos criadores pelo País. Hoje, existem leilões, exposições e até uma associação de criadores, a Associação Brasileira de Criadores de Aves da Raça Índio Gigante (Abracig). O bicho, aliás, veio ao mundo a partir de cruzamentos de galos caipiras com os de rinha nos idos dos anos 1980.

O criador Haroldo Poliselli, da cidade de Jaguariúna (SP), é o felizardo catalogado na Abracig como o dono do maior galo já registrado na história, o Voodoo, com 1,26m de comprimento (o animal é medido deitado, da unha do pé ao bico). Um galo de tamanho normal mede até 60 centímetros.

O objetivo do criador era melhorar a genética de suas galinhas a partir de cruzamentos – o bicho tende a ficar dois quilos mais forte a partir da mistura de um galo Índio Gigante com galinha caipira. Depois, Poliselli entrou no mercado de elite, buscando aprimorar as características raciais – animais com mais de um metro são geralmente usados para fins ornamentais. Apenas os menores cruzam com as galinhas caipiras.

Ele diz que já obteve o retorno de seu investimento inicial, de R$ 60 mil. “É um mercado de genética, como se a gente vendesse touros”, diz.

No último leilão, a média de preço dos animais foi de R$ 8,6 mil e a renda bruta total do evento ficou em R$ 258 mil. “Enquanto a criação de bois e cavalos demora até três anos, a do galo dá renda em seis meses”, compara Poliselli, cuja família é de pecuaristas.

Ratinhônhônhô

O presidente da associação de criadores, Leandro Carvalho, diz que trabalha para passar confiança ao mercado. Há testes de paternidade para comprovar a origem do animal.

“Fazemos um trabalho de alto padrão genético para o animal ter maior valor agregado”, diz o líder da Abracig, com 50 produtores.

Um animal médio com origem certificada custa de R$ 3 mil a R$ 4 a mil, mas alguns já foram comercializados em leilões a mais de R$ 30 mil.

Apesar da crise

Compradores da América Latina, França e dos Estados Unidos já procuraram os animais, mas a exportação ainda não está liberada. Não há estimativa da quantidade de animais no País. “Nem todos são registrados, então não dá para saber o número”.

O servidor público Sérgio Nicola, de Mococa (SP), é um dos que começou a criar os galos para ter outra renda além da produção de leite. No ramo desde 2014, ele comprou os galos para ter aves melhores. Empolgado, pretende dobrar o plantel de 70 aves até o final do ano e já faz planos ousados de dominação.

“É impressionante, é um segmento que não sentiu a crise”, diz. “Vamos deixar o leite e investir somente no Índio Gigante para ter aves de padrão excelente e atingir o topo do mercado”.