O polêmico restaurante giratório da Findes, em Vitória, vai virar, na verdade, um Centro de Inovação. A proposta foi aprovada por unanimidade pelos conselheiros do Plano Diretor Urbano (PDU) nesta quarta-feira (4).
Segundo o Conselho, a intenção é substituir o restaurante (que já não ia ser giratório mais) por um andar de salas para escritórios compartilhados, conhecidos como coworking, e outro andar de laboratório para projetos digitais. “A criação desse Centro de Inovação vem ao encontro do fortalecimento da vocação da cidade para as áreas de ciência, inovação e tecnologia”, diz a secretária de Desenvolvimento da Cidade, Lenise Loureiro.
Assim que a decisão for homologada pelo prefeito Luciano Rezende, o processo segue para o setor de aprovação de projetos da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade (Sedec) para análise técnica das plantas.
NOTA DA FINDES
“A Findes esclarece que a solução definitiva da estrutura metálica é um desafio prioritário para a indústria capixaba. A nova diretoria, respaldada por decisão do Conselho de Representantes, analisa projetos que deem à estrutura metálica uma finalidade em consonância com as necessidades do setor industrial e que contribua para o desenvolvimento sustentável do Espírito Santo. Ao término dessa fase, a Federação se pronunciará acerca da conclusão do projeto, com uso de recursos da Findes”.
A NOVELA
Desde 2011, o horizonte dos capixabas que passam pela Reta da Penha em Vitória ganhou novos contornos. Foi quando começou a tomar forma a estrutura que receberia o restaurante giratório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), no alto do prédio, onde fica a sede da instituição.
O projeto inicial foi anunciado em 2007 e previa a construção de um centro cultural com biblioteca, piano bar, elevador panorâmico, auditório para palestras e debates e capacidade para receber 96 pessoas.
Dez anos depois, o empreendimento ainda era cercado por incertezas e não havia previsão de quando ele deixará de ser um elefante branco.
O grande “charme” da obra seria a vista panorâmica de 360° de toda a ilha de Vitória. O piso iria girar e, a cada hora, daria uma volta completa pelo cenário da capital capixaba.
O anúncio, na época, foi feito pelo então presidente da Findes, Lucas Izoton, com previsão de inauguração para 2008, quando a Federação completou 50 anos. O custo seria de R$ 6 milhões.
No entanto, no decorrer da obra, o projeto passou por mudanças ora por conta de falhas apontadas tanto no projeto quanto na execução da obra, ora por falta de recursos. Em 2013, após construção do esqueleto do restaurante – que para muitos lembra uma “nave espacial” – a obra foi paralisada para que engenheiros refizessem os cálculos, devido à complexidade da empreitada.
Dos R$ 6 milhões que foram orçados, já foram gastos R$ 17 milhões. Em relatório divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU), o valor que seria investido para terminar a obra não ficaria por menos de R$ 26 milhões.
Após diversos anúncios de novas datas para entrega, em janeiro de 2016, o atual presidente da Findes, Marcos Guerra, disse que o dinheiro que haviam sido aportados pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) seriam devolvidos e que o restaurante giratório não seria mais construído.
Em dezembro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a Findes, o ex-presidente Lucas Izoton e o atual gestor, Guerra, devolvessem R$ 11,8 milhões ao Sesi. O valor está sendo pago integralmente pela Federação, incluindo as penalidades que havia sido colocadas para seus gestores, divididas em 72 parcelas.
Em nota enviada em junho deste ano, a Findes ressaltou que “o acórdão não apontou nenhum indício de má-fé e que já foram pagos R$ 3 milhões da dívida com o Sesi”. Quanto à estrutura, a entidade esclarece que foram feitos estudos técnicos que atestam a segurança da armação metálica do Espaço Cultural, que não sofreu deterioração, passa por manutenções periódicas e não representa riscos à população.
Matéria Retirada na Íntegra do Portal Gazeta On Line.