É crítica a situação dos rios e ribeirões que abastecem o leito do Rio Doce em decorrência da seca severa que volta assolar a região de Colatina, noroeste do Espírito Santo.

A água não desemboca mais no rio Santa Joana. Fica empoçada entre bancos de areia debaixo da ponte na estrada de acesso ao distrito histórico de Itapina. Já no Santa Maria do Doce apenas esgoto chega à foz enquanto a Pancas padece no meio do lixo e poluição.

“Não foi possível medir a vazão do rio São João Grande. Está seco. Os córregos não chegam mais até o Rio Doce, além da retirada desordenada de água feita pelas bombas clandestinas de irrigação”, destacou a estudante Ediana Dutra Gramelik, 34 anos (foto).

Aluna do último período do curso superior de Saneamento Ambiental do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo (Ifes), Ediana conta que viu de perto a agonia do Rio Doce. Seis barcos com 12 estudantes e educadores a bordo averiguaram no último sábado, 30 a dura realidade do rio durante o trabalho de campo para medir a vazão de pequenos afluentes. Ela conta que apesar de difícil os barcos conseguiram navegar pelos canais do rio estrangulados pelos imensos bancos de areia. A equipe foi dirigida pelo professor Abraão Elesbon, amparada pela Polícia Ambiental.

No entender de Ediana, o assoreamento é o principal problema que afeta o Rio Doce. Ao menos 12 bombas irregulares foram localizadas pela expedição.

“Um conjunto de fatores degradam nosso rio. O assoreamento resulta do mau uso do solo. Os morros estão pelados Sem nenhuma vegetação. O solo descoberto provoca assoreamento. Falta planejamento de proteção aos recursos hídricos. Os aqüíferos que sustentam os rios também estão comprometidos. O chão compactado impede a infiltração quando chove e carrega areia e terra para dentro dos rios”, detalhou a aluna Ediana.

A falta regular de chuva agrava estiagem nas bacias hidrográficas do norte e noroeste capixaba. Caso não chova logo existe a iminente ameaça de racionamento em Colatina, segundo informações do Sanear. Um pedido de situação de emergência foi solicitado ao Governo do estado pela prefeitura municipal.

Segundo medições do Serviço Colatinense de Saneamento Ambiental (Sanear) a vazão do Rio Doce não passa de 100 metros cúbicos por segundo quando volume normal é de 450 m³/s.
O abastecimento foi interrompido por cinco dias por causa da onda de lama de minério da Samarco que atingiu Rio Doce em Colatina em novembro de 2015

Fonte: Nilo Tardin