Uma nova perícia foi feita nesta sexta-feira (27) na casa onde os irmãos Kauã e Joaquim, de seis e três anos, morreram carbonizados, em Linhares, na madrugada de sábado (21). Peritos, policiais civis e promotores do Ministério Público Estadual participaram. Os trabalhos no local só terminaram depois de quase quatro horas, por volta das 20h30.

O incêndio aconteceu na casa da família, no Centro de Linhares. Na residência estavam dormindo o pastor George Salles, o filho Joaquim e o enteado Kauã, mas as chamas atingiram apenas o quarto dos meninos. A mãe das crianças, Juliana Salles, estava em um congresso em Minas Gerais junto com o filho mais novo do casal.

Esta foi a terceira perícia realizada pela Polícia Civil na casa. O Corpo de Bombeiros também já fez vistorias no imóvel após o incidente.

Em nota, a Polícia Civil informou que estão sendo utilizados todos os instrumentos investigativos disponíveis, para esclarecer qualquer detalhe sobre o incêndio.

“Para preservar a integridade das apurações ressaltamos que todas as informações sobre o caso somente serão fornecidas por meio de Assessoria de Comunicação e pela autoridade policial assim que o inquérito for concluído, para evitar boatos, notícias falsas e interpretações equivocadas e pré julgamentos”, diz a nota.

Depoimentos

Sete pessoas já foram interrogadas pela Polícia Civil em Linhares. A última foi na manhã desta sexta-feira (27), um homem, que ao sair da delegacia não deu detalhes sobre o depoimento, mas informou que foi a primeira pessoa a chegar ao local do incêndio para tentar ajudar o pastor.

Duas mulheres também foram ouvidas, na tarde desta quinta-feira (26). Elas não estavam na residência quando tudo aconteceu. Outros cinco depoimentos aconteceriam nesta tarde, mas as pessoas intimadas alegaram motivos pessoais e pediram para adiar.

Elas chegaram à delegacia de Linhares por volta das 14h30 e foram interrogadas por cerca de uma hora, em salas separadas. Quando saíram, não quiseram falar com a imprensa.

A informação é de que as duas são amigas da pastora Juliana Salles, que havia cedido um dos quartos da casa para elas morarem. Não é conhecido há quanto tempo elas viviam na residência e nem o motivo de estarem foram no fim de semana do incêndio.

Outras pessoas já prestaram depoimento: dois homens que disseram que também tentaram ajudar o pastor a salvar as crianças, além do pastor George Alves e a esposa Juliana Salles, que já foram interrogados duas vezes pela polícia.

A Polícia Civil informou que não vai passar para a imprensa o que foi dito nos depoimentos, que o sigilo está sendo mantido porque o caso ainda está em investigação, mas disse que está apurando o máximo de informações possíveis para concluir o caso.

A casa da família se encontra fechada e o casal George e Juliana está ficando em um hotel junto com o filho mais novo.

Relato do pai

O filho mais velho, Kauã, era fruto de um relacionamento anterior de Juliana. Com George, ela teve Joaquim e outros dois filhos: Helena, que morreu há cerca de dois anos vítima de uma doença, e João, de aproximadamente um ano e meio.

Segundo George, o fogo começou por volta das 2h de sábado. Ele contou que, ao colocar Joaquim para dormir, ligou o ar condicionado e a babá eletrônica, equipamento que monitora o que acontece no quarto das crianças.

Mais tarde, ele pediu que o mais velho fosse dormir e, em seguida, foi para o quarto, tomou banho e dormiu. Algum tempo depois, ele acordou quando o fogo já estava tomando o quarto das crianças.

“Por volta de umas 2h da manhã, escutei a babá eletrônica, os gritos deles, vi o fogo muito grande [através da babá eletrônica], corri desesperado, e a casa já não tinha energia. Eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta, eu só havia encostado por causa do ar condicionado, entrei. Quando entrei, escutei os choros deles, a gritaria, eles gritando ‘pai, pai’. Pus a mão na cama, queimei as mãos, não consegui pegar”, lembrou George.

Ele acredita que Kauã tenha descido da beliche onde dormia para tentar ajudar o irmão e se proteger.

“Eles se abraçaram, eu não consegui, o fogo estava muito quente, queimei meus pés, minhas mãos. Eu saí, estava só de cueca, gritando. Comecei a desesperar, duas pessoas vieram e me tiraram da casa, eu tentei uma três vezes entrar para salvar mas já não ouvia mais a voz deles”, lamentou o pastor.

A mãe das crianças não quis falar com a imprensa. Já o pai de Kauã, Rainy Bukovsky, disse que recebeu a notícia através da família, e que este é um momento doloroso para todos.

“Foi uma notícia muito dolorosa. Sei que agora meu filho é um anjo e o irmãozinho dele também. Tenho certeza que um dia vamos entender todos os planos de Deus”, disse.

Casal já perdeu outra filha

Há aproximadamente dois anos, George e Juliana perderam a filha Helena, vítima de uma enfermidade caracterizada por uma anomalia no intestino.

“Não tem uma resposta pro mundo se não for Deus, se eu não tivesse Deus eu não estaria aqui, porque há menos de dois anos eu já perdi uma menina com três meses por uma doença. Creio que Deus tem um plano sobrenatural sobre essas coisas”, disse George.

Pastores, George e Juliana têm se apegado à fé em Deus para enfrentar a perda. “Eu tenho plena certeza e convicção de que é Deus que está nos segurando, nos mantendo firme. Creio que há um propósito eterno em relação a tudo isso. Não há nada que me faça parar agora, entrar num quarto, entrar em depressão porque eu creio que o mundo precisa de Deus”, disse George.

Fonte da Notícia:

G1ES https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/terceira-pericia-e-feita-em-casa-onde-irmaos-morreram-carbonizados-em-linhares.ghtml