O morador de rua Felipe Rodrigues Gonçalves, de 31 anos, suspeito de ter arremessado uma barra de ferro que atingiu e matou a empresária Simone Venturini Tonani, de 42 anos, teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça durante audiência de custódia neste sábado (5). Para a juíza, a soltura dele coloca em risco a população.
O caso aconteceu na noite desta sexta-feira (4). Simone havia buscado o filho na escola e passava pela Avenida Champagnat quando foi atingida pela barra de ferro arremessada aleatoriamente contra os carros pelo morador de rua.
Ela foi atingida na cabeça, socorrida, mas não resistiu e morreu. O filho dela, de oito anos, estava no carro mas não se feriu. O suspeito tentou fugir, mas acabou detido no bairro Praia da Costa. Ele foi autuado por homicídio qualificado e encaminhado para o presídio nesta manhã (5). Segundo a Guarda Municipal, ele é usuário de drogas.
De acordo com a Justiça, Felipe tem uma ação penal e dois termos circunstanciados. A juíza Auricéia Oliveira de Lima decidiu converter a prisão em flagrante para prisão preventiva.
“Neste contexto, tenho que a soltura do custodiado poderá colocar em risco a segurança social, haja vista a real possibilidade de reiteração delitiva […] Ante o exposto, converto a prisão em flagrante delito do autuado em prisão preventiva para garantir a ordem pública, regular instrução processual e aplicação da lei penal”, disse, na decisão.
O velório da empresária acontece em um cemitério de Vila Velha. O enterro do corpo dela está marcado para acontecer neste domingo (6).
Passagens pela polícia
Felipe tem mais de 10 passagens pela polícia, por lesão corporal, ameaça, crimes contra o patrimônio e porte ilegal de armas. Na quinta-feira (3), ele agrediu uma mulher com um soco no rosto. Ela também estava parada no sinal de trânsito na mesma região de Vila Velha.
A síndica de um prédio que fica próximo ao local onde ele arremessou a barra de ferro contou que o suspeito já é um velho conhecido dos moradores por praticar crimes na região. Segundo ela, Felipe usava uma casa abandonada que fica do outro lado da rua como abrigo.
“Esse mesmo rapaz, o pessoal que mora aqui no prédio identificou que é o mesmo que já assaltou [uma loja], ele quebrou [o vidro] com o mesmo objeto. Vira e mexe ele está por aqui”, disse Rosane Portilho.
A Secretaria de Assistência Social de Vila Velha alega que a cidade aborda pessoas em situação de rua, mas que muitos não aceitam ajuda.
“Na abordagem, que precisa ser uma adesão voluntária do usuário, a gente coloca à disposição vagas de abrigo, o Centro Pop, onde ele pode fazer processo de alimentação, banho, ter uma roupa nova. Temos o atendimento de psicóloga, assistente social, assessoria jurídica, encaminhamento para mercado de trabalho, temos condição de oferecer uma passagem se ele for de outro estado, temos todo suporte para encaminhado para a rede de saúde. Infelizmente, 80% das pessoas abordadas se recusam ao atendimento completo”, disse a secretária de Assistência Social Ana Cláudia Simões.
Vizinhos de luto
Muitos moradores do prédio onde Simone morava colocaram panos pretos nas janelas em demonstração de luto.
“Foi muito impactante. Todos os moradores estão sem acreditar. Eu não a conhecia direito, mas estão todos abalados. É uma forma de luto e de protesto contra o que está acontecendo. É um apoio dos moradores”, disse Alessandra Fiorotti
“É chocante, mexe com a família, com todos os moradores. Ela era uma pessoa conhecida aqui. Infelizmente, esse país tem uma inversão de valores muito grande. Uma pessoa que já teve várias passagens pela polícia comete um absurdo desses”, desabafou o empresário Vladimir Rossi.