Preso desde o dia 28 de abril acusado de estuprar, agredir e queimar, ainda vivos, o enteado Kauã Sales Butkosvsky, de 6 anos e o filho Joaquim Alves Sales, de 3, Georgeval Alves Gonçalves, o pastor George mudou a versão dada por ele à polícia e durante entrevista, dois dias após as mortes. O pastor afirmou, na época, que foi acordado pelos gritos de socorro das crianças, durante o incêndio na casa da família, no centro da cidade.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, Georgeval afirma que pensou ter ouvido as crianças gritarem, devido ao seu estado emocional, no momento. Disse ainda ser inocente no caso das mortes das crianças e do estupro de uma ex-funcionária. As perguntas foram enviadas pelo jornal ao pastor através de seu advogado Helbert Gonçalves, que esteve no presídio no final de semana.
Naquele dia, durante o incêndio, o que as crianças gritaram?
Naquele dia, eu estava muito cansado e, após colocar meus filhos para dormir, adormeci também, com um sono muito pesado. Quando senti o cheiro da fumaça pela casa, entrei em desespero. Corri para o quarto e, quando abri a porta, tudo estava em chamas. Entrei em choro naquele momento.
E o que eles gritaram?
Angústia e a sensação de impotência tomaram conta de mim, naquele momento. Por isso, eu pensei ter ouvido meus filhos me gritando. Eu comecei a chamá-los. Acredito que era fruto da minha cabeça, tamanha era minha aflição naquela hora.
O que tem a dizer sobre as acusações contra você?
Eu não sou essa pessoa que, hoje, a sociedade hostiliza. Muito menos, essa figura criminosa que a polícia apresentou.
Então você é inocente?
Eu nunca, jamais violentaria ou abusaria de uma criança. Eles eram meus filhos! Pelos amor de Deus, eu sou inocente! Estou sendo acusado injustamente.
As pessoas questionam muito a sua atitude no momento que perdeu seus filhos. Como você explica sua conduta em determinadas situações após as mortes das crianças?
Não foi frieza. Pucos conhecem a minha história e sabem dizer como a minha vida foi dura e sofrida. Desde o meu nascimento, tudo o que eu fiz foi lutar pela minha sobrevivência. O que a população sabe sobre mim foram coisas que outros contaram e não eu. Eu tenho uma história.
E qual é a sua história?
Já passei fome, morei em orfanatos, morei nas ruas, apanhei de pessoas covardes e não tinha ninguém para me defender. Tudo isso aconteceu quando eu ainda era apenas uma criança.
Por que deu entrevista logo após a morte das crianças?
Na verdade, eu não queria dar entrevista nenhuma. Não estava preparado psicologicamente para isso. Não estava sabendo lidar com a perda dos meus filhos. Tudo isso ainda está sendo muito difícil para  mim e para minha família. Naquele momento, estávamos acompanhados de um pastor da igreja. Quando saímos do IML (DML), ele nos direcionou para falar com a imprensa, para dar uma satisfação a população, enquanto pastores.
E sobre ter ido para uma lanchonete e a foto tirada no hotel, após as mortes?
Não tínhamos ânimo e nem forças para nada, naquele momento. Não queríamos sair do hotel para nada. Estávamos esperando em Deus que aquele momento terrível passasse. Mas o pastor que estava conosco, nos auxiliando naquele momento, nos aconselhou que saíssemos para comer fora. Que isso nos ajudaria a não ficar lembrando da perda dos nossos filhos.
E a selfie no elevador?
A selfie foi tirada para lembrar a mim e a minha esposa que, mesmo diante daquele momento difícil de perda, ainda éramos uma família. Iríamos restaurar nossa casa.
Você está sendo acusado de abuso sexual por uma ex-funcionária do seu salão. O que tem a dizer sobre isso?
Eu sequer tive uma funcionária com o nome que me disseram. Essa pessoa a quem estão acusando não sou eu! Eu nunca abusaria de uma criança, menos ainda de uma mulher.
O que pensa sobre a prisão de Juliana?
Outra injustiça. Assim como eu, minha esposa também perdeu os filhos e está sendo acusada de um crime que também não cometeu.
Se pudesse olhar nos olhos dela, o que você falaria?
(Choro)Que ela acreditasse na minha inocência e pediria perdão por toda essa exposição a que estamos passando e que a amo, mais do que tudo. Pediria que ela se lembrasse do homem que eu sou e não desse que dizem que sou.
O que espera do futuro?
Que a verdade seja revelada e que minha inocência seja comprovada e mais uma vez repito: sou ser humano, como qualquer outro, sujeito a falhas… Mão não cometi qualquer crime contra meus filhos ou qualquer outra pessoa.
Fonte: Jornal A Tribuna.