Rodrigo Faro é um dos apresentadores brasileiros mais conhecidos atualmente, tendo apresentado diversos programas como Ídolos, O Melhor do Brasil e Hora do Faro. Em entrevista ao colunista Leo Dias, o marido de Vera Viel relembrou o começo da carreira, quando apostava na atuação, e também da saída polêmica da Rede Globo, em 2008. Segundo Faro, sua despedida da emissora veio com a frase Você nunca mais pisa aqui, dita por um dos diretores na época.
Faro começou sua carreira aos nove anos de idade como modelo e, com o passar dos anos, encarou a atuação como uma oportunidade. No entanto, declarou que sua vontade sempre fora ser apresentador, e quando recebeu a proposta da Record TV para comandar o programa Ídolos, pensou se deveria ou não arriscar.
– As dúvidas eram deixar a Globo. Eu tinha uma carreira sólida, promissora, dez anos de casa, tinha feito grandes papéis, novelas do Walcyr Carrasco – que até hoje brinca que eu era o talismã dele. O Ídolos era um programa de três meses, podia não ter mais, e eu ia dançar. Eu ganhava cerca de 30 mil reais na Globo e passaria a ganhar algo em torno de 50 mil reais. Não era uma paulada. Foi risco, revelou.
Mas o apresentador optou pelo risco e deu detalhes sobre sua saída da Rede Globo, que foi tudo menos tranquila.
– Na hora em que falei que queria ir para a Record, o cara da Globo berrava: Mas você vai embora? Vai deixar a emissora número um do Brasil para ir para uma aventura? Você nunca mais pisa aqui!. Fiquei sem saber o que falar. Aí, eu fechei o olho e escutei no meu ouvido algo dizendo: Vai! Peita!. Aí, falei: Eu estou indo embora, mas vocês ainda vão ouvir falar muito de mim. Estou assinando quatro anos de contrato. Em quatro anos, o senhor pode não estar sentado nessa cadeira, eu posso não estar mais vivo, o senhor pode não estar mais vivo, mas eu só quero deixar algo bem claro: o dia em que eu tiver o meu microfone, eu vou ser um dos maiores apresentadores deste país. E não vou precisar pisar aqui. Um dia, vocês vão me querer de volta.
O que Faro não esperava, porém, era que o contrato iria se estender até os dias de hoje e que iria comandar não só o Ídolos, como também diversos outros programas como O Melhor do Brasil, ao substituir Márcio Faria.
– Eu vim para a Record para apresentar o Ídolos. Na semana em que eu tinha assinado o contrato, o Marcio Garcia anunciou que iria sair. Aí, me ligaram e disseram que eu seria também o apresentador do programa que ele fazia e já era um sucesso. Eu falei: Meu Deus, e agora? Perguntaram se eu topava, eu falei que não estava preparado para assumir um programa de auditório, mas disseram que eu daria conta. Falaram: Estão aqui os DVDs com os quadros do programa. Aprenda. Segunda-feira você grava. Aí, eu morri. No dia, eu entrei, fiz uma oração no palco, e ali começava a minha trajetória como comunicador. Nervoso, berrando, gritando para caramba [risos].
Na sequência, falou sobre a ótima relação com a Record TV, afirmando nunca ter ouvido um não da emissora.
– Eu vivi a Beyoncé fazendo Single Ladies aqui. Priscila, a Rainha do Deserto, um filme com temática LGBT, a Record não se opôs. Todo o mundo entendeu o espírito da brincadeira. […] Uma coisa que eu sempre tive aqui, na Record, e eu acho que é o sentimento mais bonito que existe é gratidão. Quando o programa arrebenta, me ligam para me dar parabéns. Diferentemente da Globo, eles sabem valorizar quem está com eles. Na época do Boni na Globo tinha isso. Ele mandava flores para as atrizes. As pessoas se sentiam acarinhadas, prestigiadas, e aqui eu me sinto assim. Eu sinto o carinho que eles têm. Vira e mexe, vou lá tomar um café, a gente fica conversando. É muito saudável.
Questionado sobre nunca ter ouvido um não tem relação com o alto Ibope que ele dava a emissora em O Melhor do Brasil, Rodrigo negou:
– Não, porque o programa já respondia bem no Ibope antes. O Dança, Gatinho era a cereja do bolo. Acontece que, com o quadro, ele explodiu, foi para primeiro lugar. Em alguns momentos, chegava perto da novela das oito da Globo. Teve um dia em que a gente passou a novela Passione [Globo, 2010]. Então, nunca ninguém chegou para mim e disse: Não faça isso. É claro que, agora, no domingo, eu tomo mais cuidado, porque tem criança assistindo.
Faro ainda deu detalhes sobre seu patrimônio, que de acordo com a Wikipedia chega a 220 milhões de reais.
– Não vou mentir para você, Leo. É mais. Mas não tenho vergonha de ser rico, não. Tenho orgulho. Sou filho de professora. Meu pai era alcoólatra.
Em seguida, também afirmou que precisará comer muito arroz e feijão para chegar no nível de Fausto Silva e Luciano Huck, ambos apresentadores da Rede Globo.
– Poxa, a vida do Faustão é uma maravilha, mas ele já ralou muito. Já o Luciano ainda trabalha muito. Cada hora ele está em um lugar diferente do Brasil, do mundo. Mas eu acho que eu ainda tenho que comer muito arroz com feijão, comer muita poeira para chegar nesse patamar deles.
Por fim, questionado se voltaria para a Rede Globo algum dia, declarou:
– Não. Porque eu vou falar: Quero voltar para a Globo? Vou fazer o quê, lá na Globo? Deixa o Faustão lá, cara. Ele está arrebentando. Faustão vai ficar muito tempo lá.
Vale lembrar que recentemente Rodrigo Faro chamou a atenção após ter sido flagrado perguntando da audiência de A Hora do Faro enquanto homenageava Gugu Liberato, cuja morte foi anunciada no dia 22 de novembro. Em entrevista ao TV Fama, o apresentador comentou a polêmica:
– A gente vive de audiência. Então sempre pergunto, é meu instrumento de trabalho. Audiência faz parte da vida do apresentador, o prestígio e o faturamento. Sempre a gente está querendo saber, sempre pergunto, sempre me é informado no ponto, é normal de quem trabalha em televisão.
E continua:
– Tudo é baseado na audiência. Está dando audiência? Segura. Não está? Vamos pro intervalo. Quem faz programas ao vivo a audiência é um instrumento importantíssimo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Audiência é audiência, emoção é outra coisa. Elas vivem em paralelo e uma não atrapalha a outra, argumenta.
Além disso, também comentou sobre as críticas sofridas na internet.
– Faz parte, a gente tem que sempre ouvir, essa é a melhor lição. Só tem que tomar cuidado porque no ambiente de internet hoje muita gente está se matando por causa de ofensa, cor, condição física… Eu sei assimilar uma crítica, entender e tocar a vida, pedir desculpas a quem se ofendeu. Vale o alerta para a gente pensar um pouquinho se a internet não está virando um local de muita propagação de ódio.
Fonte: Folha Vitória